Os jogos "adaptados" para o público brasileiro

Todo o jogador que viveu a época de ouro dos videogames, conhece muito bem o trabalho da TecToy, empresa que representava a SEGA aqui no país, fabricando seus consoles e jogos, e as vezes acabava "adaptando" alguns jogos para o público brasileiro. Não se lembra? Continue lendo!
Como falei acima, a TecToy adaptava alguns games para o nosso público, porém, não se engane: Essa "adaptação" era nada mais, nada menos do que uma simples troca de sprites, e talvez uma tradução meia boca. Provavelmente o título mais lembrado entre eles é o Mônica no Castelo do Dragão, no qual a TecToy pegou o jogo Wonder Boy in Monster Land e tirou os sprites do Wonder Boy, e adicionou os da Mônica. Ela também traduziu o game para o nosso idioma, porém, está claro que ela não se empenhou no trabalho, pois existem diversas parte que se mantiveram em inglês.

O game fez um sucesso imenso aqui no país, se tornando o jogo mais vendido do Brasil no ano de 1991. A TecToy então, visando o quão lucrativo essa história de modificação seria, decidiu produzir mais e mais hacks, e são deles que iremos falar aqui. Vale lembrar a diferença entre "Jogos exclusivos do Brasil" e "Jogos adaptados ao público brasileiro", ou seja, aqui iremos só falar de jogos que possuem algum personagem ou figura brasileira.

Depois de jogo da Môncia, a TecToy ficou 1 ano sem produzir adaptações, só voltando mesmo em 1993. O segundo jogo que falaremos aqui é o Chapolim X Drácula: Um Duelo Assustador, hack do game da SEGA Ghost House, lançado em 1985. O jogo se baseia em coletar chaves para abrir caixões e matar Dráculas, para assim progredir. Na versão do polegar vermelho, ao invés das facas que o menino Mickey do Ghost House jogava, aqui temos a icônica marreta biônica. Além disso, o game não traz modificações pesadas, somente a tela de título e a tela de Game Over.

O próximo da lista é Geraldinho, personagem do falecido cartunista Clauco Villas Boas. Dessa vez o game é um hack do arcade da SEGA Teddy Boy Blues. Essa é a modificação mais simples da TecToy, onde as únicas mudanças estão na tela de ítulo, e na troca de sprites do Teddy Boy para o Geraldinho.

Publicidade do game na época, em 1993

Agora falaremos da sequência do Mônica no Castelo do Dragão, o Turma da Mônica em o Resgate. Dessa vez, o game é uma modificação do Wonder Boy III: The Dragon's Trap. O jogo é um dos melhores trabalhos da TecToy, trazendo sprites muito bem trabalhados e um português que não é de um menino na alfabetização. Uma coisa que não encaixou bem foi a história. No game orinial, o Wonder Boy é amaldiçoado e então transformado em diversos monstros. Assim, ele terá que derrotar chefes para matar a alma dos monstros e voltar a sua forma humana. No game da Mônica, ela é raptada pelo Capitão Feio, então cabe a Chico Bento, Bidu, Cebolinha, Magali e Anjinho salva-la. Ao longo da sua jogatina, perceberá que em diversos pontos do jogo a história não irá conseguir encaixar de jeito nenhum. A TecToy ainda tentou forçar ainda mais a barra, chamando o próprio Maurício de Souza para escrever uma história de 3 páginas no manual do jogo. Lá diz que o Franjinha construiu uma máquina que transporta os personágens, mas só um de cada vez. Destaque para o mapa do jogo, que é único, porém só pode ser explorado completamente com todos os personagens.

Vale lembrar que o motivo desses hacks da Mônica existirem é que a TecToy era vizinha dos estúdios Maurício de Souza, o que rendeu diversas parcerias, tais como a Estrelinha Mágica, que vendeu muito na época do natal de 1990, e os próprios games que falamos aqui.

A Estrelinha Mágica é uma raridade hoje em dia

Depois do ano de 93, a TecToy mais uma vez deu uma "pausa" na produção dos seus hacks, só voltando em 1995 com a trilogia Sapo Xulé. Sapo Xulé é um personagem do escritor Paulo José que quase se tornou o mascote da TecToy em meados dos anos 90. Ele recebeu 3 games para o Master System, hacks de jogos que foram lançados no início da vida do Master. São eles o Astro Warrior, que virou Sapo Xulé: S.O.S Lagoa Poluída, Kung Fu Kid, que virou Sapo Xulé: o Mestre do Kung Fu, e por último Psycho Fox, da Vic Tokai, que virou Sapo Xulé: Os Invasores do Brejo. Esses jogos são modificações muito simples, apesar de terem sido feitas em 95. O destaque aqui fica por conta das telas de título de Os Invasores do Brejo e S.O.S Lagoa Poluída, que são muito bem desenhadas.

Boneco do Sapo Xulé, produzido pela própria TecToy

No ano seguinte, em 1996, fomos recebidos com o melhor hack do Master System da TecToy: As Aventuras da TV Colosso, estreando os famosos fantoches cachorro que já faziam sucesso na TV Globo. Dessa vez o game é feito em cima do game Asterix and the Secret Mission, onde ao invés de Asterix e Obelix temos Priscila e Gilmar. O que impressiona aqui é a qualidade do desenho e da animação dos sprites, além de uma boa tradução para o português  e uma tela de título que tem a música tema do programa, que também se encontra em alta qualidade. Apesar de o game ser muito bom, vale lembrar que ele foi lançado em 1996, ano em que o Nintendo 64 já tinha sido lançado, 56 bits a frente.

Além desses jogos, a TecToy também produziu jogos do zero, como o Sítio do Pica Pau Amarelo, Castelo Rá Tim Bum e Férias Frustradas do Pica Pau. Esses games foram uma tentativa frustrada da TecToy de fazer jogos mais avançados. Eles até que traziam uma premissa inovadora, mas nada que possa compensar a terrível jogabilidade que eles possuíam.

Já que acabamos com os games de Master System, vamos falar dessa vez dos jogos de Mega Drive. Começando com um dos mais famosos: Show do Milhão Volume 1 e 2. No auge do programa do Sílvio Santos, no início dos anos 2000, a TecToy, em parceria com a SBT, lançou o Show do Milhão Volume 1. Mais uma vez o game foi lançado muito tarde, época dos vídeogames de 128 bits, 112 bits a frente. Porém isso não foi o suficiente para ofuscar o sucesso do jogo. Ele foi muito bem sucedido, vendendo bem tanto no Mega Drive quando nos computadores da época. O jogo é, nada mais, nada menos que que uma espécie de "simulação" do programa, onde o jogador responde todas as 16 perguntas, tendo até a opção de parar ou usar ajudas. O problema fica por conta da pouca quantidade de perguntas, o que contribui para a repetição das mesmas. Para isso que chegou o volume 2; O último jogo do Mega Drive, que trazia mais de 1000 perguntas, assim, acabando com o problema do seu antecessor. O destaque aí é o tão famoso som desses jogos, ou seja, a voz do Sílvio Santos, que aqui está sensacional, muito acima dos padrões do Mega Drive.

Agora, prosseguimos para a sequência do Turma da Mônica em O Resgate, Mônica na Terra dos Monstros, dessa vez feito em cima do Wonder Boy in Monster World. Assim como seu antecessor, Mônica na Terra dos Monstros traz sprites bem desenhados e uma ótima tradução. Destaque aqui para os NPCS, que foram quase todos "transformados" em personagens das histórias em quadrinhos. Como não joguei esse jogo, não posso entrar muito em detalhes.

Continuando com a TecToy mais saindo do Mega Drive, vamos falar do jogo Chiaroscuro, sim, baseado em um álbum da cantora brasileira Pitty e lançado para os celulares em 2009. Ele é o primeiro (acredito que o último também) jogo baseado em um disco lançado para celulares brasileiros. Agora, como alguém faz um jogo de um álbum? Minigames! O jogo se baseia em minigames que tentam representar músicas do álbum. São eles o Na Pele da Mulher (Baseado na música Desconstruindo Amélia), Enfrentando o Medo (Baseado na música Medo), e, por último, temos o minigame Curtindo a Platéia (Baseado nas músicas 8 ou 80 e Rato na Roda).

Infelizmente essa foi a única imagem que consegui achar do
jogo... Já dá pra perceber o naipe né?

Por último, falaremos do pioneiro nesse assunto, a Phillips, que trouxe o Magnavox Odissey 2 para o Brasil. Quando ela fez isso, assim como a TecToy, "modificou" o jogo, mas como não tinham tantos recursos tecnológicos na época, a única coisa que eles modificaram foi a capa. Esse jogo foi o Pickaxe Pete, que aqui virou Os Trapalhões: Didi na Mina Encantada.